O Rio de Muitas Voltas.
A cidade de São Paulo é rica em sua geografia. Temos grandes picos como o Jaraguá, parques como o da Cantareira e do Ibirapuera e rios muito famosos como Tietê, Pinheiros e Tamanduateí.
Hoje, especialmente, falaremos desse último. A palavra Tamanduateí, em sua língua de origem, o tupi, quer dizer “rio de muitas voltas”. E seu caminho original é fiel ao nome que os índios lhe concederam.
Um exemplo disso é imaginarmos que a região onde fica, hoje, a Avenida São João e o Vale do Anhangabaú, por exemplo, faziam parte de uma curva de sete voltas antes de se encontrar com o seu afluente mais importante: o Rio Anhangabaú, que na língua nativa quer dizer “Rio do Mau Espírito”.
O Tamanduateí é um rio que nasce na Serra do Mar e deságua no Rio Tietê. Além disso, sua bacia hidrográfica possui incríveis 320 km². Vale destacar que o Rio Anhangabaú, hoje, está sob a cidade de São Paulo junto com grande parte da cultura indígena que deu origem à cidade.
As casas cujos fundos abriam-se para o Rio Tamanduateí tinham escadarias onde os moradores atracavam seus barcos e pescavam.
No fim da Ladeira Porto Geral, antigo Beco das Barbas, existiu de fato um porto – daí o nome da rua -, que resistiu até o início do século XX, quando o prefeito Antonio Prado mudou o curso do rio e o reduziu a um estreito canal.
Nas terras planas da várzea foi construída, em 1867, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, inaugurada no bairro da Estação, hoje município de Santo André. Isso deu um novo impulso à região do ABC paulista.
Um exemplo disso é que os monges beneditinos acabaram por instalar em São Caetano do Sul a primeira indústria de cerâmica, que produzia telhas, tijolos, ladrilhos e azulejos. O local favorecia tanto a utilização de água quanto o transporte da produção pelo rio. A partir daí, outras indústrias também se instalaram na região.
Mas o desastre ambiental começa na década de 1950 com a construção de um pólo petroquímico em Capuava, que resultou em danos irremediáveis ao rio: a construção de uma barragem e a poluição de suas águas com dejetos químicos.
Apesar de todas as interferências do homem, o Tamanduateí parece ter vida própria. Apesar de canalizado e duramente poluído pelas ações do homem, o rio resiste. Em épocas de chuva, quando busca em alta velocidade o Tietê, ele é impiedoso. Sem ter para onde ir, ele enche e invade a Avenida do Estado que corre ao seu lado.
O Tamanduateí possuía 43 afluentes que deram origem a bairros, vilas e cidades, como o Ipiranga, a Mooca e a Pedra Branca.
Atualmente a maioria desses córregos encontra-se total ou parcialmente canalizada e transformada em canais coletores de esgoto; o próprio rio tornou-se o maior canal de esgoto a céu aberto do ABC paulista.
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